sexta-feira, 2 de setembro de 2016

7 de Setembro: os gritos do Ipiranga e dos excluídos


Todos os anos o país para, em feriado nacional com desfile cívico-militar. Muitas pessoas vão para as ruas, algumas em expressão de comemoração e outras nem tanto.

O processo de independência do Brasil é marcado pelo grito: "Independência ou morte" e pela pintura de Pedro Américo, que convoca, de maneira artística as pessoas a exaltarem esse acontecimento. Nas escolas a maioria dos livros didáticos mostra apenas um lado da história: o da classe dominante.

A tendência de manter o poder e evitar que novos ideiais políticos ganhassem corpo colaborou para sustentar o regime monárquico, em detrimento do republicanismo, abolicionismo, positivismo, etc. A missão do Império brasileiro era manter a marcha pela civilização (criada pelos portugueses) sem prejuízo da monarquia.

Para Caio Prado Júnior*, a Independência do Brasil se explicaria, institucionalmente, pelo esgotamento do sistema existente. A colonização que servia aos interesses do capitalismo, no sentido da acumulação de riquezas em detrimento da vida, foi um fator decisivo nesse processo.

Querem que essa data represente uma grande transformação na gestão do país, porém, ela serve a uma manutenção das elites no poder. Houve mudanças institucionais sim, mas que não foram benéficas para a maioria da população, que continuou excluída das decisões políticas. A escravidão continuou a todo o vapor, por exemplo, servindo a um modelo que já estava ultrapassado, na época, e que no Brasil ainda existia (escravista).

O grito dos excluídos é uma forma de manifestação que, com o passar dos anos, tem número crescente de adesões. Existe desde 1995 e busca dar visibilidade àqueles que não a tem. É preciso repensar a história que nos foi imposta, marcando uma posição crítica, nos organizando, ocupando espaços públicos e lutando de maneiras diversas.

*PRADO Jr, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1942.

Mike Pontes - prof. de ed. física, diretor do SEPE regional 7 e estudante de história.

1 de setembro da farsa: o consenso andou mais rápido que a verdade


Primeiramente, fora Temer! Depois, fora CREF/CONFEF! Todos os anos escrevo um pequeno texto nesse dia 1 de Setembro para conscientizar pessoas sobre o quanto essa data definitivamente não me representa.

Para os sistemas CREF/CONFEF (Conselhos regional e nacional de educação física) comemora-se o DIA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, a verdade é que o dia 1 de Setembro foi a data da criação do sistema CONFEF. Assim, parece que todas e todos se sentem representadas/os em serem "homenageadas/os" nesse dia.

Acontece também que essa expressão "profissional" foi criada para diferenciar o trabalhador formado em educação física que atende ao público não escolar. Essa divisão foi proposta há alguns anos quando o Conselho com sua força política conseguiu desmantelar a grade curricular do curso de educação física nas universidades, extinguindo a modalidade na qual sou formado pela UFRJ: licenciatura plena (permite que o professor atue em amplas áreas da educação física: escolas, clubes, academias, etc), dividindo o curso em dois e encurtando, inclusive, o tempo de formação dos universitários, mesmo sob forte polêmica na época.

Luto pela desregulamentação da educação física e sei que existem outras/os trabalhadoras/es que também o fazem pelas suas profissões. Muitos de nós consideramos o sistema CREF/CONFEF inútil e mais uma forma de escoar nosso suado dinheiro, pois o CREF é considerado responsável por fiscalizar os trabalhadores em educação física, que em troca disso, são obrigados a pagarem uma anuidade absurda. Este órgão inclusive conseguiu na justiça que os professores apresentem como um requisito a identidade profissional em dia no caso de convocação para assumir cargos publicos na área. Não basta o diploma.

Aceito felicitações no dia 15 de Outubro, dia do professor!

Mike Pontes - professor de educação física, diretor do SEPE Regional 7, membro do coletivo Luta educadora