Carta dos professores do Colégio Estadual Paulino Pinheiro Baptista à população gonçalense
A maioria dos profissionais da Educação no Estado do Rio de Janeiro encontram-se em greve devido ao descaso e à falta de sensibilidade do Governo do Estado em relação aos anseios e às necessidades da comunidade escolar. Por isso, nós, professores do COLÉGIO ESTADUAL PAULINO PINHEIRO BAPTISTA, queremos esclarecer à população que esta situação é provocada por um Governo que não dialoga com seus profissionais, que já chamou professores e médicos de “vagabundos” e bombeiros de “vândalos” e “criminosos” e que transformou alunos em números e estatísticas para tentar maquiar a verdadeira situação do ensino em nosso Estado. Numa escola como a nossa, com capacidade para abrigar mais de 2.000 alunos(as), o sistema audiovisual é insuficiente, NÃO há inspetores, sendo que uma funcionária, é desviada da sua função de limpeza, para servir de inspetora, porteira e dirigente de turno, faltam professores para várias disciplinas, coordenadores pedagógicos, dirigentes de turno e orientadores educacionais. Não temos a mínima segurança dentro da escola, onde alunos infratores agridem professores com extintores de incêndio, incendeiam as lixeiras dos corredores, quebram janelas e ameaçam professores e funcionários. Como se não bastasse tudo isso, indivíduos de má índole ameaçam pular o muro da escola para infiltrarem-se no meio dos alunos, nos deixando reféns da violência. O Governo tem verba para contratar firmas que instalaram condicionadores de ar (imundos por falta de manutenção) e computadores nas salas de aula (embora a maioria dos computadores, um ano depois de instalados e com seu aluguel sendo pago, ainda não estejam funcionando) e para trazer de Minas Gerais, contratada, uma empresa para CRIAR e IMPOR um projeto pedagógico que pretende “melhorar” as estatísticas do ensino no Estado (Como se não houvesse no Rio de Janeiro profissionais capazes de realizar tal empreendimento). Tudo isso se soma à indignação dos profissionais que têm seus salários defasados há quase 20 anos, embora o Governador diga o contrário, como é de conhecimento de toda população.
Nossa luta é para sensibilizar um Governo que acredita na elaboração de um ensino com máquinas, pranchetas e gente que não conhece a realidade pedagógica do nosso povo, esquecendo-se de que Educação é um processo que se constrói de um ser humano para outro ser humano e nele é que deve estar centrado. Ninguém pode dividir com outro aquilo que não lhe é garantido: dignidade, cidadania, respeito. Não queremos nossos filhos mendigando cotas em faculdades e concursos; queremos uma escola pública de qualidade, segura, capaz de contribuir para uma sociedade justa, progressiva e solidária, e que não abra mão de garantir a DIGNIDADE DE QUEM EDUCA E DE QUEM É EDUCADO.
NÃO RESGATAMOS VÍTIMAS DE ACIDENTES DE TRÂNSITO E DE INCÊNDIOS, NÃO SALVAMOS VÍTIMAS DE AFOGAMENTO, MAS ZELAMOS PELAS VIDAS DE CRIANÇAS E JOVENS QUE ESTÃO CONOSCO EM SALA DE AULA AO INVÉS DE ESTAREM NAS RUAS SERVINDO A CRIMINOSOS. TAMBÉM SOMOS HERÓIS!
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