domingo, 24 de julho de 2011

O acampamento dos Profissionais de Educação...




A Rua D’ajuda

É o nosso cinturão de giz

Somos tod@s herdeiros

Da Comuna de Paris.

O acampamento foi armado depois do fracasso das negociações com o governo do estado, no último dia 12 de julho, quando um grupo de 60 profissionais ocupou o gabinete do secretário de Educação Wilson Risolia e só deixou o local depois de uma audiência com ele e com o secretário de Planejamento Sérgio Ruy. Ao final da reunião, que não apresentou avanços no que diz respeito ao atendimento das reivindicações dos grevistas, a categoria decidiu criar o acampamento permanente.

E mais uma semana entre negociações e barracas passou. Durante esses dias tivemos aulas públicas, debates, festas, sarau, arraial, chuva intensa, sol radioso, banhos escassos e tendas inundadas. Essa luta, em meio as nossas férias, tem aumentado o apoio da população e recebemos visitas ilustres em adesão a nossa luta como a do cantor Tico Santa Cruz da Banda Detonautas e do ator Sergio Marone (via internet), do ator Osmar Prado que estava no Teatro Glauce Rocha e dos cartunista Latuff e Nico.

Também já foram realizadas apresentações de poesias, de hip hop e de animadores culturais que trabalham nas escolas estaduais e que também integram o movimento grevista. Na última sexta, os alunos e profissionais da Escola Municipal Ordem e Progresso, solidários com a greve dos profissionais da rede estadual, se cotizaram e compraram um bolo para comemorar os primeiros 10 dias de instalação do acampamento da educação estadual na porta do prédio do governo estadual.

Quem nunca participou de um acampamento ou mesmo de uma panfletagem, está tendo a oportunidade de ver como se organiza uma iniciativa que não dispensa a participação de tod@s em seu funcionamento. É assim nas tarefas de alimentação, limpeza e segurança do campo, assegurados pel@s participantes do campo D’ajuda, atividades que vão além de esclarecer a população sobre os motivos da greve na rede estadual e denunciar os baixos salários e as precárias condições de trabalho nas escolas.

Vemos aqui uma oportunidade de olharmos também a realidade da globalização capitalista e apontarmos baterias contra esse inimigo. Entre panfletagens e manifestações, ainda encontramos tempo para falar sobre velhas e novas lutas: os 140 anos da comuna de Paris, contra os mega eventos, contra a corrupção, pelo direito a moradia, contra a precariedade dos serviços públicos, pelo direito ao aborto, contra a criminalização dos movimentos sociais. E de aprender canções revolucionárias e conhecer filmes que não estão no topo das audiências.

Travamos novos conhecimentos, partilhamos conversas, planos de aula e muitas linguagens e saberes foram se misturando ao longo desta semana. Uns com os outros, encontramos formas divertidas de aprender, debater e agir. Só sairemos deste local depois que o governo do estado apresentar uma contraproposta que seja considerada satisfatória, mas com certeza ganhamos companheiros novos que juntos a outros mais antigos estarão na militância revolucionária e na luta social. Tal como organizamos e gerimos juntos este acampamento na Rua D’ajuda: na alegria de nos sentirmos vivos, libertários.

REVOLUCIONÁRIOS ATÉ DEBAIXO DE ÁGUA

Sérgio Cabral e Risolia rezaram muito para a chuva acabar com o acampamento. Na sexta-feira , quando não esperávamos, a chuva contra-revolucionária atacou. Defendemo-nos como pudemos: guarda-chuvas, lonas, sacos de plástico, casacos impermeáveis. À noite, as seqüelas eram visíveis: algumas tendas alagadas, um espirro aqui e ali. Mas enquanto continuarmos as nossas discussões políticas, enquanto continuarmos a militar com o sorriso no rosto... continuaremos a vencer. Vamos mostrar a esta chuvinha reacionária, que somos militantes até debaixo d’água.


Companheiros da Luta Educadora acomunados na Rua da Ajuda

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